Em 1988 iniciava a minha atuação como professora. Aquele frio na barriga, a expectativa, as incertezas, o medo de errar.
Quem é desta geração de professores sabe o quanto era difícil ter acesso a literatura, as músicas e a cursos.
Minhas memórias como professora de ballet são repletas de pequenos capítulos incríveis, divertidos, tristes, curiosos, inusitados e alegres.
Aprendi mais do que ensinei.
Cada aula um universo de possibilidades, desafios e descobertas.
Ao longo do caminho fui percebendo que o sentir tinha mais valor do que apenas movimentar-se ao som da música.
Cada aluno me mostrou a professora que deveria ser.
Nem sempre tudo é mágico em uma aula.
Os alunos desafiadores vêm para testar nosso limite e nossa fé.
Os alunos com alma e aptidão para o ballet testam nossos conhecimentos.
Tem os alunos que estão apenas fisicamente em sala de aula. Estes nos fazem buscar novas estratégias para fazê-lo se conectar conosco.
Quanta diversidade em um pequeno espaço físico e de tempo.
Cada aula precisa ser avaliada, preparada para aquela turma em especial.
Então o que nos move e nos une?
É algo que só entende quem vive.
Uma conexão replete de plie, Grand battement e pirouette.
Um contar 5,6,7,8 e a música une os corpos em sincronia, em sintonia.
É um privilégio poder acompanhar a evolução do aluno.
É uma responsabilidade imensa encaminhar alguém na realização de seus sonhos.
Nem tudo são rosas.
Colecionei decepções que testaram meus limites e meu amor por ensinar.
Posso ser odiada ou amada, mas nunca esquecida.
Mas ao longo do caminho descobri que se o aluno fizer uma aula, um mês, um ano ou por vários anos é este convívio que me faz continuar estudando, inovando e refletindo sobre o compromisso e responsabilidade que tenho em mãos.
Ser professora é o que me torna uma pessoa realizada.
Comemoro em 2024 trinta e seis anos de muitas aulas, lágrimas, sorrisos e realizações.
Professora Aline Rosa
Pedagoga, especialista em Dança, cultura,
educação e gestão escolar.